Chavela Vargas, viveu!

Descobri na "Sabado" de hoje, na secção Obituário, assinada por Luis Silvestre, a figura de Chavela Vargas, que faleceu com 93 anos. 

Era cantora e uma "figura obrigatória da vida artistica e boémia do México". Não sabia e nem me penalizo por não saber da sua existência até hoje. Se trago para aqui a ocorrência é para ilustrar que esta Senhora não se limitou a existir.

Aos 14 anos fugiu de casa dos pais - e refiro o facto sem qualquer juízo de valor - passou por Cuba e fixou-se no México, onde se tornou amiga de Frida Khalo e Diego Rivera, vivendo vários anos com o casal.

"Convidaram-me para uma festa e eu fiquei por lá. Viviamos sem um centavo, mas éramos todos felizes. Por vezes sem termos o que comer, mas mortos de riso" - contou ao "El País"

A sua carreira artística teve o incentivo do compositor e amigo José Alfredo Jiménez. No velório de amigo, em 1977, Chavela bebeu três garrafas de tequilla e ficou caída no chão. A viúva do compositor disse: " Deixem-na em paz. Essa mulher está a sofrer tanto como eu".

Ainda Chavela : " Sempre fiz o que queria. Quando me dava na gana" .

Em 2000, com 81 anos, assumiu a sua homossexualidade publicamente. Frida Khalo foi a sua grande paixão não correspondida. 

Ao "El Mundo" disse " Não estudei para ser lésbica, nem me ensinaram a sê-lo. Simplesmente nasci assim"

"Quero morrer num Domingo, para estragar o dia feriado aos puritanos". Morreu no passado Domingo, dia 05 de Agosto. 

Esta mulher foi a mais famosa cantora mexicana da sua geração, mas sofreu, amou e valorizou a amizade. Foi intensa. Esta mulher Viveu.....nao se quedou apemas por existir.

Pouco importa a voz no video. De destacar, sim, a nobreza do seu sorriso e a expressão afirmada

 

Existir e Viver

Ninguém devia existir e deveria ser obrigatório viver!
Existir, apenas, é passar pela vida a pedir licença, a baixar os olhos perante os outros, é alienar o que nos cabe da prodigalidade de quem ou do que aqui nos colocou..
Apenas existir é desesperar por um desenlace, aguardar, oprimido, uma hora de partida, como se viver não seja mais do que o cumprimento de um pena cujo crime se não conhece.
Apenas existir é arrastar grilhetas num caminho de que se não vê fim.
Apenas existir é tudo aceitar, baixar braços e seguir uma corrente de um riacho sem força.

Viver é tomar consciência do carácter único de cada um de nós, afirmar as nossas singularidades no espaço que nos cabe por direito, respirar fundo sem pedir licença aos demais, conquistar a liberdade de dizer não, e ter a grandeza de dizer Sim quando essa afirmação é essencial para o Outro.

Viver é abraçar cada dia como um oportunidade e sair de casa com o essencial: - sentido de justiça, preserverança, a grandeza da humildade e a coragem de não reprimir os sentimentos.

Viver , tanto é soltar a gargalhada mais genuina como enxaguar um mau-estar em copiosas lágrimas; é ser solidário, dar a mão a quem dela necessitar ( com maior zelo a quem só existir), saber pedir o conforto do abraço de um amigo; é exultar com a chamada telefónica por que se ansiava; é sentir a fina dor da fissura do peito quando só se pode fantasiar aquele amor que não terá correspondência; é cuidar de uma amizade, afirmá-la, fazê-a  crescer;  é ter dúvidas  - e removê-las  -  é fazer de conta que aquela palavra não nos ofendeu; é receber a desculpa no dia seguinte; é pedir desculpa porque errámos.

Viver é aceitar que nenhum dia é igual ao outro e não saber dizer em que dia ganhámos um amigo ou nasceu uma paixão.
Viver é sentir.. é aventurar, vencer medos, dar de nós aos outros;  usar a razão, mas nunca permitir que esta esqueça o coração.

Viver é sentir as cicatrizes e valorizá-las como medalhas.

Viver é estar e fazer, com intensidade.

Que interessa existir se viver é o que a vida nos pede?

Alivia o stress.

Diminui a ansiedade, a tensão e a exaustão.

Combate os sintomas da depressão.

É calmante.