Ninguém devia existir e deveria ser obrigatório viver!
Existir, apenas, é passar pela vida a pedir licença, a baixar os olhos perante os outros, é alienar o que nos cabe da prodigalidade de quem ou do que aqui nos colocou..
Apenas existir é desesperar por um desenlace, aguardar, oprimido, uma hora de partida, como se viver não seja mais do que o cumprimento de um pena cujo crime se não conhece.
Apenas existir é arrastar grilhetas num caminho de que se não vê fim.
Apenas existir é tudo aceitar, baixar braços e seguir uma corrente de um riacho sem força.
Viver é tomar consciência do carácter único de cada um de nós, afirmar as nossas singularidades no espaço que nos cabe por direito, respirar fundo sem pedir licença aos demais, conquistar a liberdade de dizer não, e ter a grandeza de dizer Sim quando essa afirmação é essencial para o Outro.
Viver é abraçar cada dia como um oportunidade e sair de casa com o essencial: - sentido de justiça, preserverança, a grandeza da humildade e a coragem de não reprimir os sentimentos.
Viver , tanto é soltar a gargalhada mais genuina como enxaguar um mau-estar em copiosas lágrimas; é ser solidário, dar a mão a quem dela necessitar ( com maior zelo a quem só existir), saber pedir o conforto do abraço de um amigo; é exultar com a chamada telefónica por que se ansiava; é sentir a fina dor da fissura do peito quando só se pode fantasiar aquele amor que não terá correspondência; é cuidar de uma amizade, afirmá-la, fazê-a crescer; é ter dúvidas - e removê-las - é fazer de conta que aquela palavra não nos ofendeu; é receber a desculpa no dia seguinte; é pedir desculpa porque errámos.
Viver é aceitar que nenhum dia é igual ao outro e não saber dizer em que dia ganhámos um amigo ou nasceu uma paixão.
Viver é sentir.. é aventurar, vencer medos, dar de nós aos outros; usar a razão, mas nunca permitir que esta esqueça o coração.
Viver é sentir as cicatrizes e valorizá-las como medalhas.
Viver é estar e fazer, com intensidade.
Que interessa existir se viver é o que a vida nos pede?
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